A morte do policial penal Deyvicson Santos Hipólito na manhã deste domingo, 21, no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão, trouxe à tona um alerta feito por diversas vezes pelo Sindicato dos Policiais Penais de Sergipe (Sindppen): a iminente tragédia no sistema prisional sergipano.
A superlotação, o baixo efetivo policial e a ausência de coletes balísticos são alguns dos problemas que põem em risco a vida do policial penal sergipano. “Apesar dos avanços ocorrido no sistema prisional, ainda vivemos problemas muitos graves. É preciso que o governo do Estado dê às unidades prisionais um tratamento por igual. Porquê não existe superlotação nas unidades terceirizadas, mas é permitido que isso ocorra naquelas diretamente administradas pela segurança pública? Não adianta cuidar da segurança pública e não organizar o sistema penitenciário. Vidas policiais importam e se não houver providências urgentes, principalmente, em relação ao efetivo e ao fornecimento de coletes balísticos, muitos policiais penais podem morrer”, diz o presidente do Sindppen, Wesley Souza.
O presidente destaca que se houvesse coletes balísticos em número suficiente, a tragédia ocorrida no Copemcan poderia ter sido evitada. “A luta do Sindppen pelo fornecimento de coletes à prova de balas é antiga. Não há coletes em número suficiente para todos os policiais penais. Atualmente, o problema é ainda maior, pois os coletes disponibilizados são de uso compartilhado e boa parte dos colegas, em virtude da pandemia da covid-19, prefere não usar porque não há higienização adequada. A situação é vergonhosa, pois esse equipamento é fundamental para nós policiais penais que arriscamos diariamente as nossas vidas para garantir a manutenção do sistema prisional sergipano. Merecemos respeito e não podemos deixar que situações como essa se repitam. Precisamos valorizar e prezar pela segurança do nosso policial penal”, comenta.
Diante da situação, o Sindppen solicitará uma reunião com o secretário de Justiça, Cristiano Barreto, e com o Departamento de Sistema Penitenciário (Desipe) para cobrar uma solução e evitar que a tragédia se repita no sistema prisional sergipano. “Faremos uma reunião e exigiremos ações imediatas para solucionar a superlotação, o baixo efetivo de policiais penais e a insuficiência de coletes balísticos. A situação é muito grave e assola todas as unidades prisionais de Sergipe, principalmente, o Copemcan, que é a maior unidade do estado. Nesse local são 2.800 internos e para se ter uma ideia do perigo, em cada um dos cinco pavilhões, tem 3 policiais penais para 500 ou 600 presos”, destaca Wesley Souza.
Entenda
Na manhã deste domingo, 21, um detento identificado como Rafael de Oliveira Gonzaga, 25 anos, entrou em luta corporal com um policial penal, tomou sua arma e, em seguida, o atingiu e ainda feriu outro policial penal. O fato ocorreu durante o “seguro”, procedimento no qual o detento solicita transferência para área reservada dos demais internos.
O policial penal Deyvicson Santos Hipólito não resistiu aos ferimentos e foi a óbito, deixando esposa e dois filhos. O policial penal Telêmaco de Farias Almeida, levou um tiro de raspão no fígado, passou por cirurgia e se recupera no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) Governador João Alves Filho.
Deyvicson Santos Hipólito era irmão dos vereadores Marcondes Hipólito e Berg Hipólito, de Riachuelo, e do presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança e Medidas Socioeducativas (Sindasse), Clichardson Hipólito. O velório está ocorrendo no velatório da Piaf, localizado na rua Laranjeiras, em Aracaju. Nesta segunda-feira, 22, às 10h, o corpo sairá em destino ao município de Riachuelo, onde será sepultado às 17h.
Ascom/Sindppen